quarta-feira, 15 de julho de 2009

Pedro e o albatroz

Pedro morava perto do mar.Sua casa ficava a lado de um farol. Ele adorava o mar e o céu.
Todas as manhãs, o menino via as gaivotas, os albatrozes e sonhava:
"Deve ser tão bom voar!"
Um dia, ele subiu uma escada em caracol que ia dar lá no alto do farol.
Ao chegar no terraço,Pedro exclamou:
- Aqui é tão perto do céu!
Em volta dele voavam muitos albatrozes. E Pedro pensou: "Se eu bater os braços bem rápido,quem sabe sou capaz de voar..."
Quando ele já estava quase pulando a grade de terraço,um albatroz pousou junto dele e gritou:
- Não faça isso! Você vai cair no mar e aqui ele é muito fundo!
- Mas se eu bater os braços bem rápido, eu voo! - Pedro respondeu.
- Você não vai conseguir...Braços não são asas e menino não é albatroz - o pássaro disse. - Mas, se quiser,suba nas minhas costas. Eu levo você para voar comigo!
Pedro ficou muito feliz com o convite. Era tudo o que ele queria!
Subiu nas costas da ave e juntos partiram pelo imenso céu azul. As asas do pássaro eram fortes e grandes.
Planaram sobre o oceano...Viam o farol bem pequenininho lá do alto...
Uma grande nuvem passou bem pertinho deles. Parecia algodão doce. Pedro até ficou com vontade de pegar um pouquinho só prá provar.
Voaram,voaram, voaram...
Quando a ave pousou perto da casa,os dois já eram grandes amigos. Então, o albatroz disse que, se Pedro quisesse,poderia passear de novo com ele.
O menino adorou a idéia.
Então,o albatroz lhe pediu:
- Eu também tenho um sonho e acho que você pode me ajudar...
- O que é? Pode me pedir o que quiser.
- O meu sonho é correr muito depressa,mas eu não consigo.Sou muito garnde e minhas patas são pequenas...Você sabe...Pata não é pé, e albatroz não é menino...
Pedro sorriu e propôs:
- Suba nas minhas costas! Eu levo você para correr junto comigo!
Então, Pedro correu bem rápido e muitas vezes em volta da casa.O albatroz adorou! Nunca tinha experimentado aquilo! Os dois se tornaram os melhores amigos do mundo!
Desde esse dia, todo mundo que passa perto do farol vê uma coisa incrível: um menino que voa e um albatroz que corre...


De:Histórias para voar,Caroline Guirriec,2006,Ed. Moderna

terça-feira, 14 de julho de 2009

LXXXIX


Quando eu morrer quero tuas mãos em meus olhos:
quero a luz e o trigo de tuas mãos amadas
passar uma vez mais sobre mim seu viço:
sentir a suavidade que mudou meu destino.

Quero que vivas enquanto eu, adormecido, te espero,
quero que teus ouvidos sigam ouvindo o vento,
que cheires o amor do mar que amamos juntos
e que sigas pisando a areia que pisamos.

Quero que o que amo continue vivo
e a ti amei e cantei sobre todas as coisas,
por isso segue tu florescendo,florida,

para que alcances tudo o que meu amor te ordena,
para que passeie minha sombra por teu pelo,
para que assim conheçam a razão de meu canto.

Pablo Neruda, Cem sonetos de amor,p.103,1997
Fotosearch.com, RF

quarta-feira, 8 de julho de 2009

CANTAR


" UM POVO QUE SABE CANTAR ESTÁ A UM
PASSO DA FELICIDADE.
É PRECISO ENSINAR O MUNDO INTEIRO A
CANTAR."

VILLA LOBOS






imagem royalty free, Fotosearch.com.br

segunda-feira, 6 de julho de 2009

A RATOEIRA


Um rato, olhando pelo buraco na parede, vê o fazendeiro e sua esposa
abrindo um pacote. Pensou logo no tipo de comida que haveria ali.
Ao descobrir que era uma ratoeira ficou aterrorizado. Correu ao pátio da fazenda advertindo a todos

- Há uma ratoeira na casa, uma ratoeira na casa!!
A galinha disse:
- Desculpe-me Sr. Rato, eu entendo que isso seja um grande problema para o senhor, mas não me prejudica em nada, não me incomoda.

O rato foi até o porco e disse:
- Há uma ratoeira na casa, uma ratoeira!
- Desculpe-me Sr. Rato, disse o porco, mas não há nada que eu possa fazer, a não ser orar. Fique tranqüilo que o Sr. Será lembrado nas minhas orações.
O rato dirigiu-se à vaca. E ela lhe disse:
- O que? Uma ratoeira? Por acaso estou em perigo? Acho que não!


Então o rato voltou para casa abatido, para encarar a ratoeira.
Naquela noite ouviu-se um barulho, como o da ratoeira pegando sua vítima. A mulher do fazendeiro correu para ver o que havia pegado.
No escuro, ela não viu que a ratoeira havia pegado a cauda de uma cobra venenosa. E a cobra picou a mulher... O fazendeiro a levou imediatamente ao hospital, medicada, porém Ela voltou com febre. Todo mundo sabe que para alimentar alguém com febre, nada melhor que uma canja de galinha. O fazendeiro pegou seu cutelo e foi providenciar o ingrediente principal.
Como a doença da mulher continuava, os amigos e vizinhos vieram visitá-la. Para alimentá-los, o fazendeiro matou o porco. A mulher não melhorou e acabou morrendo.

Muita gente veio para o funeral. O fazendeiro então sacrificou a vaca, para
alimentar todo aquele povo.

Moral da História:

Na próxima vez que você ouvir dizer que alguém está diante de um problema e acreditar que o problema não lhe diz respeito, lembre se quando há uma “ratoeira” na casa, toda fazenda corre risco.
O problema de um é problema de todos!

PS.: Excelente fábula para ser divulgada principalmente em grupos de trabalho!

'Nós aprendemos a voar como os pássaros, a nadar como os peixes, mas ainda não aprendemos a conviver como irmãos'

Re: Desconheço a autoria.Imagem do fotosearch, isenta de direitos autorais.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

ODA AL DICCIONARIO



Em "Ode ao Dicionário" o grande poeta conta que o ignorava enquanto jovem até descobrir um dia que era uma árvore e que" as palavras brilhavam na sua taça inesgotável,opacas ou sonoras,fecundas nas ramas da linguagem,carregadas de verdade e de som".
Abaixo a primeira e a quinta estrofes do poema:

Lomo de buey, pesado
cargador sistemático
libro espeso:
de joven
te ignoré,me vistió
la suficiencia
y me creí repleto,
y orondo como un
melancólico sapo
dictaminé:"Recibo
las palabras
directamente
del Sinaí bramante.
Reduciré
las formas a la alquimia.
Soy mago".

El gran mago callaba.

El Diccionario,
viejo y pesado,con su chaquetón
de pellejo gastado,
se quedó silencioso
sin mostrar sus probetas.

(...)
Diccionario,una mano
de tus mil manos,una
de tus mil esmeraldas,
una sola
gota
de tus vertientes virginales,
un grano
de
tus
magnánimos graneros
en el momento
justo
a mis labios conduce,
al hilo de mi pluma,
a mi tintero.
De tu espesa y sonora
profundidad de selva,
dame,
cuando lo necesite,
un solo trino,el lujo
de una abeja,
un fragmento caído
de tu antigua madera perfumada
por una eternidad de jazmineros,
una sílaba,
un temblor,un sonido,
una semilla:
de tierra soy y con palabras canto.


De:Neruda- Antologia Poética, José Olympio Editora S.A.,1978, p.178-182
Imagem: www.fotoseacrh.com,RF

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