Muito se fala mais ainda se revelam,
Divagações, repetições, digressões
Quem imita a vida? Será a vida uma arte?
Ou a arte é a própria vida?
Onde está a arte que fugiu da minha vista?
Onde está a vida que arde anônima em minha arte escondida?
Nas páginas escritas de um livro, na frase de um poema,
Folheio frenética, busco e vasculho
Palavras, que são arte agrupada que descrevem e retratam,
Meus dias, idênticos, feitos de meros instantes,
Ora vãos, ora me deixando perplexa
Porque demonstram nada, vazio e sombra,
Mas falam de luz e calor, sons e melodia,
Ensinam que viver é assim, um dia a cada dia.
Pode a arte substituir a vida?
O livro que escrevo, sobre a vida que não vivo,
Guarda as palavras que roubei de outro livro,
Sobre a vida, de alguém que eu não sou.
Alcançou a chegada antes do ponto de partida,
Tumulto, desencontros, vidas de outros, outras vidas,
Palavras coloridas.
Brincadeiras da arte que imita a vida.
Arte travestida pronta para a vida imitar,
Vida que desce do palco para a arte interpretar,
Juntas, arte e vida, a pé, um dia de cada vez.
Porque viver é assim, nada há num dia
Que não venha a ter o depois.
De: "Canto Real", Angélica Tulhol, todos os direitos reservados,2008.
Foto: www.fotosearch.com, RF
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