terça-feira, 30 de junho de 2009

A ARTE E A VIDA



Muito se fala mais ainda se revelam,

Divagações, repetições, digressões

Quem imita a vida? Será a vida uma arte?

Ou a arte é a própria vida?


Onde está a arte que fugiu da minha vista?

Onde está a vida que arde anônima em minha arte escondida?


Nas páginas escritas de um livro, na frase de um poema,

Folheio frenética, busco e vasculho

Palavras, que são arte agrupada que descrevem e retratam,

Meus dias, idênticos, feitos de meros instantes,

Ora vãos, ora me deixando perplexa

Porque demonstram nada, vazio e sombra,

Mas falam de luz e calor, sons e melodia,

Ensinam que viver é assim, um dia a cada dia.


Pode a arte substituir a vida?

O livro que escrevo, sobre a vida que não vivo,

Guarda as palavras que roubei de outro livro,

Sobre a vida, de alguém que eu não sou.

Alcançou a chegada antes do ponto de partida,

Tumulto, desencontros, vidas de outros, outras vidas,

Palavras coloridas.

Brincadeiras da arte que imita a vida.


Arte travestida pronta para a vida imitar,

Vida que desce do palco para a arte interpretar,

Juntas, arte e vida, a pé, um dia de cada vez.

Porque viver é assim, nada há num dia

Que não venha a ter o depois.


De: "Canto Real", Angélica Tulhol, todos os direitos reservados,2008.

Foto: www.fotosearch.com, RF

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