sexta-feira, 8 de maio de 2009

O mais lindo presente



Era uma vez uma história real. No tema central da história eu mesma sou a personagem.

Lembro-me bem das várias vezes em que simplesmente perdia objetos de valor. Não que eu fosse descuidada, o que certamente não era, até um dia em que compreendi porque era a vez de a minha mãe perder uma de suas jóias - um broche de ouro e pérolas - que havia reservado para mim.

Perto dos 15 anos perdi um lindo anel de topázio que pertencia a ela; lá pelos 18, um anel com uma pérola bastante grande que também ela havia me cedido para que eu o usasse numa festa. Aquilo começou a me incomodar e ainda perdurou por vários anos.

Aos 25 anos já havia entendido que, desejar jóias e lindas peças que normalmente servem de objetos de desejo às mulheres,de alguma forma não “funcionaria” para mim. Tanto que na minha graduação ganhei como presente de minha avó materna uma pedra ametista que tomava a forma de uma grande lágrima presa por fios de ouro. Meu temor em perdê-la era tão grande que a mantive dentro de sua caixinha durante 21 anos. “Sabia” que se viesse a usá-la pagaria um elevado preço caso a perdesse.

O tempo passou e não me importava com jóias, mas fui gostando de canetas. Claro, breve desejo por canetas foi este, pois perdi as duas primeiras bastante especiais, logo de partida!

Sem jóias e sem canetas bonitas! Aprendi na expressão da canção maior dos meus 20 anos que ” o movimento de que você precisa está nos seus ombros”.

Uma história, uma vida, mais histórias e estórias. Tempo que vai embora e deixa suas marcas impressas no corpo. E faz cicatrizes na alma. Muitos dias em que a vida deixou de fazer qualquer sentido.

Certa vez, quando meu mundo havia desmoronado por inteiro, sonhei com meu amigo Avraham que falecera há alguns anos. Ele havia voltado para “plantar flores cor-de-rosa no meu jardim”. Só um fragmento de sonho desconexo, foi o que pensei.

Ontem foi meu aniversário. Meu mais lindo presente foi ver muitos botões de flores no arbusto de hibiscus ainda jovem – que em maio ainda não havia mostrado suas cores. No inverno eu o podei completamente por causa dos insetos que insistiam em devorá-lo.

Como eu disse, ontem foi meu aniversário. O jovem pé de hibiscus em meu jardim amanheceu carregado de flores cor-de-rosa.

De A.T., 2007. Todos os direitos reservados.

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